segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fal Azevedo

Talvez um dia nós nos encontremos na rua e eu aceite a sua mão estendida e seu abraço caloroso. Talvez, então, você me mostre a foto do seu filho e eu comente que ele é lindo. Talvez, talvez, nos sentemos naquele boteco e possamos rir das nossas trepadas, e relembremos os velhos-bons-tempos-que-não-voltam-mais. Talvez eu chore um pouco de saudades daquela época e relembre o nome de todo mundo da turma, e possamos listar quem criou barriga, quem tem emprego público, quem come a empregada, quem embichou. Talvez só as boas recordações me assaltem. Pode ser que, então, eu já tenha esquecido as dores, que as mágoas sejam só lembranças e que seu rosto não me assombre mais. Talvez eu já não chore mais debaixo do chuveiro. Talvez eu passe a mão pelo seu rosto e meus olhos sorriam e nós possamos nos despedir prometendo contato, trocando e-mails e jurando encontros familiares em breve.
Talvez, algum dia. Hoje não. Hoje eu quero que você vá pra puta que o pariu.


Em tempo: Fal é escritora, com três livros publicados, e blogueira.

2 comentários:

Ivy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ivy disse...

Que lindo, Chu, nossa sintonia continua ... hoje, eu também quero que 'você' (por favor, não você, Chu) vá pro Diabo que O carregue!!!!!
kkkkkkkkkkkk