sexta-feira, 12 de março de 2010

Vivendo a vida chocada

Diálogo entre Jorge (arquiteto.filhinho.de.papai) e Mirna (prostituta.de.alta.classe.que.anda.saindo.com.Jorge) ontem, em Viver a Vida, quando ele a levou pra conhecer a casa onde ele vive com os pais (que sabem de sua profissão):

Mirna: Uau! Deve ser muito bom ter um quarto assim só pra gente, com as coisas que a gente gosta, sem precisar dividir com ninguém.

Jorge: Que bom que você gostou! Eu achei que você morasse sozinha... não mora não?

Mirna: Não, não. Eu morava, mas era na Tijuca, ficava muito longe do trabalho e também muito ruim pra ir embora sozinha à noite, né? Aí agora eu moro em Ipanema, dividindo as despesas com mais duas colegas.

Jorge: Você sabe que eu admiro gente como você, né? Gente batalhadora que não desiste nunca.

Mirna: E eu posso desistir? Eu que saí da casa dos meus pais onde eu tinha tudo! Agora eu tenho que me bancar, né?! Não tem volta.

Gente, juro que não quero ser preconceituosa, a personagem representa as muitas mulheres que dão a pepeca pra ganhar a vida, e eu sou da turma do cada um com seu cada um. (Ainda que, na minha terra, quando não há opções, batalhar seja fazer uma faxina, ser empregada doméstica, pegar numa enxada... - sem trocadilhos, dessa vez).

Mas assim, alguém me explica a relação saí da casa dos meus pais onde tinha TUDO X admiro gente batalhadora como você X levá-la para conhecer a casa dos pais X Manoel Carlos gagá.

Porque assim, eu até pensei nas milhares de mulheres (algumas artitas, famosas) que estão aí nos books em halls de hotéis de alto luxo da vida, que fazem faculdade, são bem nascidas, tem toda uma boa condição na casa dos pais (Bruna Surfistinha manda lembranças) e, mesmo assim, fazem programas por puro materialismo, única e exclusivamente para conseguir os bens materiais que querem mais rápido, já que são lindas e os programas são uma fortuna. Batalham muito, heim! Vida duríssima!
É por precisão? Não né. Mas, ainda assim, cada um com seu cada um.

Mas, mesmo assim, alguém me explica esse texto da novela todo trabalhado na admiração????

10 comentários:

Nanda disse...

E sabe o que é pior disso tudo? Você perdendo seu tempo vendo VIVER A VIDA.

Uma novela do Manoel Carlos na vida já é suficiente. Você sabe bem que a estória vai se repetir todas as vezes que ele resolver dar as caras no horário nobre. A única diferença é que conforme ele vai ficando mais velho (e por mais velho entende-se gagá), o conteúdo vai ficando cada vez pior e sem nexo (vide conversa entre Jorge e Mirna)

Ivy disse...

Não sei o que comentar...só que o post tá ótemo!!! Já o Manoel Carlos coitado...ladeira abaixo

Karine disse...

Se puta batalha muito, eu, entäo... posso me considerar uma escrava branca sem carta de alforria!

Marcelo disse...

Ah, meninas... as que escolhem pela profissão mais antiga do mundo batalham muito sim! Ou vocês acham que elas só "pegam" galã da globo ou o Richard Gere? :P
Mas essas novelas são assim mesmo... com os valores um tanto quanto desviados.

Antonio disse...

Eu não vi a novela, não sei exatamente qual foi o tom da conversa. Não sei se a cena era pra ser em tom de comédia, ou sarcástica (acho que esse senhor senil nem sabe direito o que é sarcasmo). Pelo seu comentário eu suponho que não, era “séria” mesmo. Será que o diálogo seria o mesmo se a moça fosse uma filha de bóias-frias, pra quem a prostituição talvez fosse uma alternativa menos ruim que cortar cana no sertão? Pra mim a prostituição em si não é condenável. O problema é uma sociedade que empurra as mulheres, contra a sua vontade, para uma profissão potencialmente perigosa e degradante. No fim, o que a globo quer que a gente ache é que as “batalhadoras” são as classe média que se prostituem porque não admitem voltar pra casa dos pais, “onde tinham tudo”. As que se prostituem como alternativa a uma outra vida miserável são só putas sem-vergonha mesmo.

Karine disse...

Olha, vou escrever o que vejo aqui na Espanha. Há muitas e muitas imigrantes ilegais aqui. Muitas da Romênia, da Rússia, Bulgária... Muitas sem papéis e que foram fisgadas pelos cafetöes da vida. Em Barcelona, muitos "put clubs" (como säo chamados os "puteiros") foram fechados por lavagem de dinheiro e elas foram trabalhar nas ruas. Sem brincadeira: há muitas mulheres trabalhando na rua quase nuas. E olha que está fazendo frio!! Imagina como elas ficam no veräo... Logicamente, isso serviu de matéria para uma reportagem porque a coisa está escandalosa. A grande maioria disse que faz por necessidade porque precisam enviar dinheiro as suas famílias e näo podem voltar as suas terras porque seus passaportes estäo travados com os cafetöes. A polícia pára, dá a dura, mas elas estäo falsamente legalizadas, porque há uma máfia que deixa tudo certinho e tal, como se fossem trabalhadoras. Outras disseram claramente, que näo se motivam a limpar casa de ninguém porque "chupar polla" da muito mais dinheiro do que limpar chäo. Quando digo "dá dinheiro" é algo em torno dos 4000 euros!!! E estamos em crise!!! Uma vez, quando fui abastecer o carro, vi uma prostituta (sabia que o era por causa da pouquíssima roupa que usava, com o bumbum de fora) saindo de uma BMW CONVERSÍVEL. Alguém vai querer limpar chäo???? Por isso que digo, se essas säo batalhadoras... o que eu seria? hehehe

Antonio disse...

Mas, objetivamente, por que limpar o chão, ou o sanitário alheio, é "melhor" do que se prostituir? Prosituição é ilegal, perigoso, mas pelo menos paga bem.

Patrícia disse...

Aiii gente, paga bem, é?! Vou ali me prostituir e já volto. ALOKA!! rsrs

Brincadeiras a parte, adorei a participação de vocês. (Tipo, "tem gente que 'me' lê, que emoção!" rs)

Bom, mas disso tudo, foi o tom de admiração do texto da novela que achei um pouco demais, para uma pessoa que diz "na casa dos meus pais onde tinha tudo". Sabe aqui lo de "novela = formadora de opinião"? Então... bem por aí.
Enfim... continuo achando que Manoel Carlos tá gagá.

Bjs a todos que não se prostituem e ganham mal! =P

Dona Mila disse...

Eu acho que nesse contexto, a tal da Mirna deveria sempre afirmar que é puta por vocação e se amarra muito no que faz. Porque até pega mal dizer que é sacrificante, dar a entender que foi falta de opção...

Aí é foda. Com todos os trocadilhos.

Ivy disse...

Nossa, como tá rendendo isso , hein Chu, daria até pra outro post, mas, enfim
concordo com a Dona Mila (desculpe a intimidade), o sacrifício que a tal da Mirna faz é por orgulho, pra não voltar pra casa dos pais...tenha dó, né
fala que é porque gosta do babado, gosta da grana...
o problema é a glamuralização (isso existe?)da profissão, pq tenho certeza que a absoluta minoria das profissionais do sexo! trabalham nas mesmas condições dessa menina e da tal da suristinha, meninas que , aliás, como disse Mila!! tinham outras opções...bom, é isso